24h, 7 dias, 52 semanas, 12 meses, por ano

Está cada vez mais difícil o nosso mercado de trabalho. Difícil é arranjar um trabalho, difícil é mantê-lo, difícil é não nos deixarmos explorar nas circunstâncias que começam por ser esporádicas e com o tempo se tornam parte da rotina, difícil é marcar a posição de pessoas com vida pessoal e não só vida profissional, enfim é mantermo-nos coesos nas nossas prioridades pessoais, familiares e profissionais.

Obviamente que não sou obstinada ao ponto de não compreender que existem pessoas que valorizam mais a sua vida profissional que a pessoal, ou que se sentem realizados com o trabalho constante durante 24h, 7 dias, 52 semanas, 12 meses, por ano. Claramente que essas pessoas são livres de viverem com o trabalho no seu pensamento quando tomam o pequeno-almoço, quando tomam banho, ou fazem a barba, quando guiam no trânsito ou esperam o autocarro, quando almoçam, quando vão à casa de banho, quando voltam para casa, quando jantam, quando ligam o PC à noitinha e pensam: “hum já que liguei esta coisa, vou despachar aquele e-mail importantíssimo”, ou até mesmo quando dão um beijinho de boa noite aos filhos.

Quem de nós não se cruza diariamente com pessoas que se realizam apenas nos seus trabalhos? Todos os dias me cruzo com esse tipo de pessoas.
Se chegaram até este paragrafo, alguns de vós, estão com certeza a pensarem que faço juízos de valor acerca das pessoas que trabalham até tardíssimo, e atendem telefonemas do escritório durante as férias, porque digo que apenas se realizam no trabalho. Mas notem que não fiz, nem pretendo fazer quaisquer observações preconceituosas, estou apenas a tentar fazer um raciocínio lógico. Ora que uma pessoa se dedica ao trabalho quase 24 horas por dia, então que tempo lhe sobra para se dedicar à família, amigos, hobbies?

Hoje em dia está na moda a ideia de tempo de qualidade, ouço e leio imensas vezes figuras públicas dizerem que trabalham imenso, que tem pouco tempo para os filhos mas, o pouco que tem é de qualidade. Reconheço que muitas vezes as minhas ideias não convergem para as da moda, mas neste caso nem se trata disso, é que para mim, tempo é tempo.

Eu sempre gostei de estar aninhada no colo do meu pai a ver bonecos animados, com ele a ver uma revista de carros por exemplo, ou a brincar com bonecos perto dele enquanto ele brincava com jogos de computador, ou passado uma série de anos, a ler enquanto ele joga na sua playstation, adorava interromper a minha mãe, enquanto ela preparava o jantar para tirar dúvidas existenciais dos trabalhos de casa, ou chama-la para depois do banho me dar o toalhão e um beijinho.

Tempo é tempo, 24h, 7 dias, 52 semanas, 12 meses, por ano.

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