Hoje no DN...

... o Pedro Lomba teve um rasgo de criatividade, ora vejam se não concordam comigo.

"A VERDADEIRA ENTREVISTA DE JOSÉ SÓCRATES "


Na semana passada, enquanto assistia à entrevista de José Sócrates na SIC e pensava se atrás daquela pose arrebicada existe mesmo uma pessoa com nome próprio, lembrei-me de uma crónica de Nelson Rodrigues sobre a falsidade da entrevista. Nelson Rodrigues dizia que toda a entrevista acaba por ser falsa porque o entrevistado nunca diz o que pensa ou sente. E daí, ocorreu-lhe a ideia da entrevista imaginária, aquela em que o entrevistado poria cá fora "as verdades que não diria ao padre, ao psicanalista, nem ao médium, depois de morto". Pois também eu desejei uma entrevista imaginária ao primeiro-ministro, sem falas decoradas, sem o "Eu quero dizer uma coisa aos portugueses." E pensei: porque não? Como seria essa entrevista?


Sr. primeiro-ministro, Manuel Alegre escreveu contra o medo. Quer comentar?
O Manuel Alegre pensa que ainda está em Argel. Eu disse na SIC que o Alegre de três em três anos escreve um artigo contra o medo. Foi uma boa frase. Gosto de falar assim porque sei que os portugueses e alguma direita apreciam este estilo robusto.

Mas considera-se autoritário?
Sou um bocado nervoso e inseguro. Não consigo controlar. Não suporto que me contrariem: se o fazem é porque não me vêem apto para este cargo. Eu sou primeiro-ministro. Devo vigiar o que dizem de mim.

Acusam-no de se encenar e de encenar o Governo.
Governo como me visto. Com requinte e atenção à forma. Vamos ganhar em 2009.
Sente-se um estranho dentro do PS?
Não tenho nada a ver com o PS. Eu, às vezes, digo umas coisas meio de esquerda para ver se aquela gente se cala. Mas não vou às mesmas lojas, tenho outros hábitos. Dei-lhes um governo, uma maioria e a Câmara de Lisboa. Não chateiem.

Só menos de um milhão viram a sua entrevista à SIC. Teme pela sua popularidade?
Temo. Há uma coisa em Portugal: se adquirimos uma imagem de vencedores toda a gente passa a ver-nos como vencedores. Já viu que quem manda cultiva um ar hostil e distante? Evito motivos que me obriguem a andar cabisbaixo. Seria a minha morte.

Vive bem com a perda de liberdade da política?
O poder compensa dando-nos uma forma de liberdade mais apetecível: sermos nós a manipular a liberdade dos outros. Gosto disso.

Confirma que o senhor e o Presidente se entendem às mil maravilhas?
Se quer saber, eu podia ter sido ministro num dos governos de Cavaco Silva.

Como é que gostaria que o seu Governo ficasse na História?
Vai haver uma "era Sócrates", como já houve, porque não, uma "era Roosevelt". Isso chega-me. E em São Bento já tenho garantido o meu retrato.
LINK - DN

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