O Balanço 27 dias depois - O Puerpério (parte I)

Estou pronta para ser transferida para o "quarto" (escrevo entre aspas porque na MAC  não há quarto, as belíssimas instalações de mais de 100 anos, sem remodelações, obras ou algo parecido, proporcionam uma série de grandes enfermarias com 6 a 8 camas, com umas cortinas a dividir as camas e apenas um lavatório, pois as casas de banho correspondem a apenas duas retretes e quatro cabines de duche para todas as enfermarias) e foi aqui, quando me apercebi que o tempo na sala de partos, o tempo de contemplação e namoro a três, com magnificas recordações do namoro do Niquinho estava a chegar ao fim, e que eu ai mesmo ser transferida, e o sossego estava a chegar ao fim.

Tive o meu primeiro filho na MAC por engano e o segundo por estupidez, afinal à primeira todos caiem e à segunda cai quem quer, e eu cai porque achava que a qualidade dos médico e enfermeiros superava as más instalações e os maus funcionários auxiliares e seguranças. Hoje continuo a achar que a qualidade técnica dos serviços é o melhor, mas que apenas se justifica em casos gravíssimos, o que nunca aconteceu comigo, tanto do Niquinho como do Baby Boy fui "catalogada" como parto fácil e sem risco, pelo que podia ter perfeitamente marcado com a minha médica e ter tido as crianças com todo o conforto e sem gente rude e malcriada à minha volta.

Cheguei à enfermaria e fui recebida por uma enfermeira extraordinária, super competente, humana e muito doce. Todos os procedimentos que tinha de fazer, pedia autorização antes de começar e para além disso explicava passo por passo, o que é super reconfortante. Transmitiu durante dos três dias que fiquei na maternidade (quinta, sexta e sábado) tranquilidade e confiança, tudo o que uma mulher que acabou de ter um filho precisa.

Logo depois sou brilhantemente recebida por uma auxiliar, que me diz "aqui têm um saquinho com os bens necessários às primeiras horas, depois tem de pedir para trazerem mais". Ora que grande m#$%@!!! Foi logo o que me apetecia ter soltado pela boca, estas palermas, sabem lá se sou mãe solteira, e órfã, pessoa sem amigos e que estou por minha única conta? Depreendem que a vida é tudo facilidades logo à partida. Não respondo, estou demasiado feliz para o fazer.

Graças a Deus, chega a hora da visita, e recebo as minhas coisas, e as roupas do Baby Boy, o tempo vai passando e os "ai que amor", "que coisa linda" do pai, irmão e avós é calada por um momento de aflição em que o Baby Boy, se engasga e começa a bloquear a respiração. Se fosse mamã de primeira viagem ficaria aflitíssima, assim, tentei controlar a coisa, pegando o bebé de barriga para baixo e dando palmadas nas costas, mas mesmo assim toquei à campainha, queria ver com a enfermeira de serviço (uma Karina da vida que em nada tinha a ver com a sua colega das manhãs) se valeria a pena aspirar o Baby Boy, pois poderiam ter sido ainda as secrecções do parto que o tivessem a incomodar. Quase 20 minutos depois, aparece na sala uma auxiliar, que muito enfadada diz:
- Quem chamou?
- Fui eu - respondo
- O que quer?
- Falar com a sra. enfermeira, por favor.
- Qual é o assunto.
Explico calmamente que o meu bebé estava a engasgar-se e queria falar com a enfermeira.

A enfermeira Karina, a tal enfermeira da vida, que em nada tinha a ver com a sua colega das manhãs, aparece ao pé da minha cama 45 minutos depois de ter tocado à campainha e pergunta o que preciso.

Irritada, com a simpatia da auxiliar, então começo a descascar pessegueiro.
- Neste momento, não preciso de nada, mas se não soubesse como ajudar o meu bebé que se estava a engasgar a esta hora, 45 minutos depois de ter tocado à campainha, o bebé já não estaria muito bem concerteza.
- Ah, mas a sra. auxiliar veio cá e disse que o bebé estava bem!!!
Fiquei louca da vida, e nem sei como calmamente consigo dizer-lhe as verdades sem perder a razão, porque a minha vontade era ter-lhe pregado três bofetadas nas trombilas.
- Desculpe sra. enfermeira, mas que eu saiba, as auxiliares ainda não estão habilitadas para fazer triagem, nem tão pouco tem competências técnicas para avaliar se os bebés ou as mães estão bem ou mal.

(continua)

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