Sogras

“Sogras, tias e cunhadas, quero-as o mais afastadas”, foi o comentário que deixei neste blog 2+2 , quando a autora comentou que a “Sogrinha, Insiste em telefonar TODOS os dias às 21h! E prende-me o rapaz durante mais de meia hora! Com os miúdos por vezes a acabar de jantar, banhos e cama... tenho de fazer eu sozinha ou chatear-me todos os dias! E, claro, a cozinha fica por arrumar! Não há paciência......”

É um ditado antigo, mas afecta quase todos os casamentos, as discussões entre casais invariavelmente deambulam sobre este tema, “a tua mãezinha isto”, “a tua mãezinha aquilo”.

Eu não sou uma excepção, o meu marido é, mas eu infelizmente eu não sou, ele pode dizer que tem uma sogra cinco estrelas, eu infelizmente não, ele gosta de verdade da minha mãe e trata-a com todo o carinho que um filho pode tratar uma mãe, eu nem trato bem nem mal a minha, simplesmente não trato.

A verdade é que ela também nunca deu muito espaço, para que qualquer relacionamento, em seis anos de namoro e dois de casamento, contam-se pelos dedos das mãos as vezes em que estivemos juntas, e com falta de convivência não é fácil, criar laços francos.

A verdade vai também para além disto, o meu marido não se dá com a mãe e é estranho porque normalmente, pelo menos nas histórias que ouço, os homens tem tendência para se alaparem nas mães e elas são sempre as donas da verdade, mas no nosso caso, a coisa não é nada assim, o meu marido, nunca fica de lado da mãe, também são raríssimas as situações de confronto, ou melhor elas nunca existiram, afinal a senhora telefona ao filho três vezes por ano, no aniversário, no Natal e no Ano Novo, e telefona à nora no dia de anos dela, quando nos vemos é sempre em casamentos, funerais, baptizados ou festas de família, e as oportunidades para os dois resolverem os seus problemas praticamente não existem.

Com o passar do tempo, os pequenos atritos vão crescendo, funcionando quase como uma bolinha de neve que é atirada do topo de uma colina e que vai crescendo à medida que o tempo passa.

Neste momento atrevo-me mesmo a dizer que os laços profundos da maternidade foram quebrados, e que será muito complicado voltar a uni-los, nós não temos filhos, ainda não temos, gostávamos muito de ter crianças, essa bênção de Deus, eu sei que os sentimentos de mãe só se compreendem quando se vivem, mas acho que estes rompimentos “entre mãe e filho” são muito difíceis de reparar, de curar, de ultrapassar, são sentimentos feridos e mágoas constantes.

Às vezes penso, quando tivermos bebés como é que me vou sentir só de pensar que na minha vida pode, algum dia existir uma quebra assim tão forte entre mim e os meus filhos, e peço a Deus que se algum dia elas existiram me dê discernimento para ceder, para no momento em que as coisas começarem a correr menos bem, eu consiga falar e consiga agir sempre como até hoje, sem guardar mágoas ou rancores das pessoas que gosto, e a não suportar viver 10 minutinhos que sejam zangada com o meu maridinho, com os meus pais, com os que amo verdadeiramente, é um erro eu ser só assim para aqueles que verdadeiramente amo, eu sei que devia ser assim com todas as pessoas, porque a mágoa é má de mais, mas os outros não me importam e desses nem chego a ter mágoa, não penso desgostosa nem amargurada nas tristezas e ressentimentos, alias, graças a Deus esses sentimento só tenho com uma pessoa, a minha sogra, tenho-o para com ela porque não suporto as atitudes de desprezo que tem para com o filho, não suporto ver a tristeza no seu semblante cada vez que se fala no tema mãe, aos poucos esse tema vai sendo tocado com intervalos cada vez maiores, e um dia acabara por ser esquecido, mas neste momento está presente, e deixa resquícios de dor, sempre que aparece.

O meu marido, têm outro irmão, tem duas sobrinhas e vêm outra a caminho, e os meus sogros vivem para as netas, vivem numa realidade falsa, que eles construíram como melhor lhes soube, construíram-na e vivem nessa ilusão, na ilusão de que têm um relacionamento saudável com o filho e que tudo o que eles fazem é o correcto, não descem do seu pedestal e da sua altivez e não percebem que aquele menino traquina e meigo de à 20 anos atrás cresceu e têm agora a sua vida.

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